Mestres da Gorongosa regressam da Europa: Mentoras da Próxima Geração

Rassina Farassi

Primeira Dama da Primatologia de Moçambique

por Susanna Carvalho, Ph.d, Directora-Adjunta de Paleoantropologia e Primatologia

O Projecto da Gorongosa tem o prazer de celebrar a conclusão do Mestrado em Primatologia de Rassina Farassi.

A Rassina Farassi nasceu na província de Cabo Delgado, Moçambique. Obteve a Licenciatura em Arqueologia e Património Cultural pela Universidade Eduardo Mondlane. Uma bolsa da PAST Africa pagou algumas das propinas do seu Mestrado.

Ela visitou a Gorongosa pela primeira vez em 2017. Rassina ficou fascinada pelo trabalho de primatologia em andamento no Parque Nacional da Gorongosa e decidiu estudar o comportamento dos primatas modernos para entender como os nossos ancestrais evoluíram.

Ela estava muito interessada em investigar as origens e o desenvolvimento da tecnologia nos humanos – e, para isso, decidiu concentrar-se em aprender mais sobre os primatas, especialmente os babuínos da Gorongosa. Sob a orientação da Prof. Susana Carvalho, foi aceite pela Universidade de Girona, Espanha, para iniciar o Mestrado em Primatologia.

“A oportunidade de fazer este mestrado em Espanha foi ainda mais importante dado que sou a primeira Moçambicana a obter o grau de Mestre nesta área.”

-Rassina Farassi

A Rassina passou 10 meses em Espanha, seguidos de 13 meses no terreno, acompanhando babuínos a pé desde o amanhecer até ao anoitecer, para recolher dados para o seu projecto: Porque é que os babuínos não usam ferramentas? Tal como nós, os babuínos têm cérebros grandes, são altamente oportunistas e terrestres – por isso, em vez de perguntar como é que os humanos começaram a usar ferramentas, ela adoptou uma abordagem inovadora e perguntou porque é que alguns primatas não desenvolveram este comportamento como os humanos? A Rassina defendeu sua tese em Setembro e obteve nota notável de 9,44 (em 10).

No passado mês de Julho, Rassina foi, pela primeira vez, responsável pela formação primatológica dos estudantes durante a Escola do Campo 2023 – e foi um sucesso! Os estudantes aplaudiram Rassina, após ela ministrar uma introdução sobre como observar e registar o comportamento dos primatas selvagens.

Ela então foi para o deserto de Kalahari, onde se matriculou num prestigiado curso de campo sobre comportamento animal, liderado pelo Instituto Max Planck (Alemanha). Ela foi a primeira estudante não Sul-Africana a inscrever-se neste curso! Em Agosto, a Rassina apresentou-se pela primeira vez na mais importante conferência primatológica, a IPS, na Malásia. O seu trabalho foi elogiado e ela recebeu o convite para ser palestrante plenária do Congresso da Sociedade Brasileira de Primatologia em 2024! Que 2023 tão movimentado!

Rassina é a primeira Moçambicana a obter um mestrado em primatologia e a seguir carreira nesta área. Os primatas estão ameaçados em todo o mundo. Rassina desempenhará um papel fundamental na sensibilização em Moçambique e no apelo a uma maior protecção destas espécies, uma vez que são dispersores de sementes essenciais e uma parte muito importante do equilíbrio do ecossistema. A Rassina continuará a trabalhar com o Projecto Paleo Primatas da Gorongosa para liderar a gestão da secção de primatologia e continuará os seus estudos. Irá também leccionar na Universidade Eduardo Mondlane, onde a primatologia está agora a ser incorporada nos cursos de arqueologia e antropologia.

“Quero contribuir para o conhecimento e protecção dos primatas selvagens no Parque Nacional da Gorongosa… ao mesmo tempo a ajudar a orientar a próxima geração de cientistas que ajudarão a promover o desenvolvimento da primatologia em Moçambique.”

-Rassina Farassi

 


Explorando Horizontes Ilimitados

A viagem de Margarida Victor

por Marc Stalmans Ph.d, Director dos Serviços Científicos

A Gorongosa celebrou recentemente o regresso de Margarida Victor depois de ter concluído com sucesso os seus estudos de mestrado na Irlanda.

A Margarida Victor nasceu na província de Nampula, no norte de Moçambique. Obteve o grau de Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Lúrio, em Pemba, na província de Cabo Delgado. Durante a licenciatura teve contacto com o Parque Nacional da Gorongosa em 2017.

Fez parte de um grupo de estudantes e jovens profissionais que aprenderam as técnicas de avaliação da biodiversidade através de um Inquérito de Ensino sobre Biodiversidade. Este é um dos Workshops de Ciência Avançada que são realizados anualmente como parte do programa de bioeducação da Gorongosa. 

“O que mais gosto de trabalhar na Gorongosa é ser mentora de jovens cientistas Moçambicanos…Estou feliz e orgulhosa por fazer parte desta equipa incrível e entusiasmada por aplicar todo o conhecimento que aprendi durante os meus estudos na Irlanda.”

-Margarida Victor

Depois de se formar em 2018, Margarida começou a trabalhar no Departamento Científico da Gorongosa. Ela tem utilizado GPS e drones para produzir mapas para os diferentes Departamentos do Projecto da Gorongosa. Tem também treinado técnicos dos demais Departamentos na utilização de GPS para melhorar a qualidade da informação espacial colectada em campo. Toda a informação espacial foi consolidada num Atlas Ambiental com mais de 60 mapas que retratam geologia, solos, clima, vegetação, distribuição da vida selvagem, densidade populacional, áreas cultivadas e infra-estruturas em todo o Parque Nacional e na sua Zona de Desenvolvimento Sustentável. Margarida treinou jovens na Vila Gorongosa, capital do distrito da Gorongosa, para realizarem um inquérito em grande escala para melhor compreender as condições socioeconómicas, fontes de emprego e serviços disponíveis como parte do programa Vila Modelo do Projecto da Gorongosa.

Em 2022, a Margarida recebeu uma bolsa totalmente financiada através do Irish Fellowship Program for Africa, que lhe permitiu estudar na Universidade Nacional da Irlanda, em Maynooth. Em Agosto deste ano, ela concluiu o seu mestrado em SIG e Sensoriamento Remoto com o Prémio de Honra. Ela está agora de volta em tempo integral ao Parque, onde as suas conquistas académicas e experiência prática a prepararam para se destacar na área e fazer contribuições significativas para o mundo do SIG e da conservação. 

“Achei a Irlanda um lugar tranquilo e seguro para viver. O povo Irlandês é o povo mais acolhedor e amável que já conheci. Não poderia pedir mais do que vivi durante a minha estadia na Irlanda.”

-Margarida Victor

 

Gorongosa National Park | Gorongosa National Park, National Road 1, District of Gorongosa, SOFALA PROVINCE Mozambique

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