No âmbito do Projecto RESILIM-O foram realizados três workshops de avaliação colaborativa da resiliência a mudanças climáticas (Denominados VSTEEP) e um workshop de análise dos serviços ecos sistémicos relacionados a água no distrito de Chokwe, posto Administrativo de Lionde. Os Workshops VSTEEP foram realizados nos seguintes locais: no Distrito de Xai-xai concretamente no Posto administrativo de Zongoene, no distrito de Chokwe- Posto administrativo de Lionde e no distrito de Massingir posto administrativo do mesmo nome.
O Workshop de avaliação colaborativa da resiliência a mudanças climáticas (VSTEEP) realizado no Distrito de Xai-xai concretamente no Posto administrativo de Zongoene foi o primeiro e contou com a participação das instituições governamentais, não-governamentais e das comunidades locais de onde foi possível obter os seguintes principais resultados em termos de vulnerabilidade da área: o cronograma de eventos climáticos que mais marcantes e severos foram para os participantes, e várias mudanças que ocorreram ao longo da bacia do Limpopo no âmbito das mudanças climáticas com destaque para a solo encontra-se seco por falta de chuvas o que faz com que mesmo as culturas não dependentes das chuvas não desenvolvam, sofrem quando há ocorrência de cheias, e ciclones, no entanto foram também adoptadas boas práticas como: Consciência da importância da conservação dos recursos naturais e vontade de agir e adopção de mecanismos de controlo comunitário que desmotive o abate das árvores (campanhas de sensibilização).
Em Lionde o Workshop de VSTEEP contou também com a participação das instituições governamentais, não-governamentais e privadas e das comunidades locais, onde conjuntamente fez-se o levantamento dos principais problemas como sendo: a predominância na ocorrência dos eventos climáticos cíclicos como a secas, cheias, e ciclones, com maior frequência desde 2000 e também os solos estão sujeitos a um fenómeno de salinização e lixiviação baixando a produtividade. No mesmo evento foram mencionados os principais pontos fortes como sendo: Consciência que a comunidade tem da importância da conservação dos recursos naturais, a vontade de agir, a diversidade das actividades realizadas pelas pessoas, existência de vários projectos loca em curso, a solidariedade e envolvimento dos intervenientes locais nestas mesmas actividades.
O último workshop de avaliação colaborativa da resiliência a mudanças climáticas (VSTEEP), foi realizado no distrito de Massingir, posto administrativo de Massingir e contou igualmente com a presença de instituições governamentais, não-governamentais, sociedade civil, as lideranças e comunidades locais. Os problemas constatados nesta área foram: a ocorrência de várias mudanças, ao longo dos últimos tempos, comparativamente aos tempos remotos, principalmente no rio dos Elefantes, o que tem criado impactos directos na vida das comunidades, o estado do rio também se alterou, e a água já não segue o mesmo curso o que influencia a agricultura de irrigação, deficiente funcionamento da barragem, pois os que usam motobombas não tem como puxar água para regar as machambas, não existem grandes projectos agrícolas na área, somente uma empresa privada, a MAI, que ocupa oficialmente mais de 30000 há, mas não se conhece as suas actividades concretamente. Há projectos agrícolas que foram iniciados e terminaram repentinamente, deixando as pessoas ainda num nível de pobreza mais elevado (exemplo do PROCANA).
Para combater essa situação da falta de água, foram desenhados projectos de auto-ajuda para que as associações recebam financiamento de várias instituições, bem como para realizar empréstimos para concertar as motobombas avariadas.
O único Workshop de análise da qualidade dos serviços ecos sistémicos relacionados com a água foi realizado em Chokwe no posto administrativo de Lionde, de onde foi possível perceber que vários benefícios existiam no passado sendo: não havia escassez da água no rio e não ocorriam secas prolongadas como na actualidade e tiravam a água dos poços (agora fontenárias). Existia um apoio das empresas privadas, como o apoio em sementes e motobombas em épocas de seca (empresa SEMOC), na produção de culturas como arroz e hortícolas para apoiar as comunidades, que não existe mais, actividade de pesca era rica e obtinham diversidade de espécies. Actualmente, devido à falta de chuvas, as condições do rio não são iguais, verificando-se baixo nível de água nos rios que afecta negativamente as actividades económicas dos ribeirinhos. Há fraca produção de hortícolas (produzidas em sequeiro) e uma diminuição das capturas de peixes dado a redução de algumas espécies de peixes. A água para o pasto é reduzida o que provoca a redução da sua produção e a morte dos animais. Os participantes consideram também que o nível de qualidade da água é baixo para o consumo humano.
De forma conclusiva, pode-se afirmar que na área da bacia do Limpopo há uma grande vulnerabilidade as mudanças climáticas, tendo as comunidades consciência disso, e falta somente a implementação de estratégias de adaptação.